quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Chuta...que é de pedra

Nas noites de verão das décadas de 80 e 90 do século passado, era costume, eu e os meus amigos, assistirmos aos torneios de futebol de salão em Serzedo, Vila Nova de Gaia. Às vezes, víamos futebol, mas outras vezes era a porrada em redor dos jogos que animava aquelas noites.
Numa dessas noitadas, aconteceu algo absolutamente inédito durante o meu ciclo de vida, algo que nunca ouvira falar nem tinha visto acontecer.
Antes de dizer o que ocorreu, devo referir que os atletas das equipas que participavam no torneio, equipavam-se habitualmente nos balneários pertencentes ao Clube de Futebol de Serzedo. Esse espaço de preparação para o jogo, ficava na outra extremidade das instalações do clube, sendo que os atletas tinham de atravessar o campo de futebol de onze, geralmente pouco ou nada iluminado.
Ou seja, o rinque ficava logo à entrada das instalações, depois existia o campo pelado de futebol pelo meio e só depois, no outro extremo, ficavam os balneários.
Então, como estava a dizer, numa dessas noites de futebol de salão, aquilo que seria mais um jogo a contar para o respectivo torneio, tornou-se algo assombroso.
Quando uma das equipas (ou pelo menos alguns dos seus atletas) atravessava o campo pelado (que por sinal nesse dia se encontrava às escuras), ouviu-se, na escuridão, o som de uma voz em direcção a um dos jogadores, dizendo algo como isto: Ei! Chuta essa bola!
O atleta, ao ouvir aquela voz no horizonte negro, todo contente, corre em direcção à bola, puxa o pé atrás e aplica um valente pontapé com toda a sua força...
Só que, nessa história, havia um pequeno problema: a bola não era bola. Quer dizer, era uma bola na sua forma porque era redonda. O cerne do problema é que essa "bola" era feita de cimento e pertencia a um adorno que existia na bancada do clube de futebol. 
Como estão a pensar, o que se seguiu foi um autêntico desastre. 
De acordo com o que sei, o indivíduo que "enfiou" o pontapé na bola partiu o pé e já não jogou o verdadeiro jogo que iria acontecer minutos depois.
Moral da história? 
Cuidado quando aplicam toda a vossa energia em algo pouco ou nada visível, pouco palpável, nada de concreto. Cuidado com os tiros no escuro! 
Às vezes, batemos numa pedra, num muro ou num outro obstáculo. Há quem consiga reerguer-se, mas há quem fique pelo caminho toda a vida. 
A vida é um risco e quem não corre riscos não petisca? É verdade...
Mas há riscos que não valem a pena correr. 
O valor da nossa vida tem muito mais valor do que o suposto benefício posterior de alguns riscos que se correm.    
      

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